INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: ENTRE A PROMESSA E A PERCEÇÃO DA REALIDADE

11-06-2024

Título criado pelo ChatGPT 3.5 depois de "ler" o texto

Por vezes, quase que ciclicamente, o mundo ocidental tem assim umas espécies de "febres" em que delira entre o otimismo exagerado e o pessimismo mórbido e que anima (o termo é mesmo esse) a opinião pública e em especial os intelectuais iluminados durante algum tempo.

E assim, de quando em vez, lá vem outra moda, fazem-se congressos, promovem-se debates, simpósios, cursos e outras tantos eventos o que nem é mau de todo porque dinamiza a economia, especialmente o de aluguer de salas e auditórios e de serviços de catering.

Dá também origem a vagas de "especialistas instantâneos" que, ninguém sabendo nada do assunto, e eles, sabendo um pouco mais do que nada, passam por grandes "gurus" do tema, falando com a arrogância típica dos ignorantes e sendo ouvidos com o encantamento natural dos incautos que tem tanta necessidade de estar "in" que aderem a esses movimentos, não questionando a sua validade e pertinência (que pouco importa, de facto) sendo o fundamental pertencer a algo, estar onde estão os outros estão, "ver e ser visto", como se dizia, já há muitos anos, no mundo da diplomacia.

Depois, claro, há os verdadeiros especialistas que, finalmente, veem a sua área de estudo e conhecimento valorizada. Mas nunca são os mais ouvidos. Os verdadeiros especialistas têm uma enorme tendência de abordar os assuntos com frontalidade e realismo e não é isso que "as massas" querem: querem sonho e utopia porque de realidade estão todos, de facto, saturados!

Eu, como já sou assim vintage, recordo-me do aparecimento da informática (que nos ia roubar o emprego a todos), depois da internet (que nos ia divinizar a todos), depois foi o bug do ano 2000 (em que a sociedade ia colapsar), depois disso os smartphones (que nos ia despersonalizar a todos), depois as redes sociais (que ia, em definitivo, democratizar a humanidade e tornar o mundo um mercado imenso onde todos íamos ser ricos), depois a Engenharia Social (lembram-se do primeiro Web Summit em Portugal que parecia uma romaria de adoração a Nossa Senhora Virtual, com direito a Messias, o divino Paddy Cosgrave, sacerdotes e tudo?), mais ultimamente foi o 5 Gs (que vai permitir quase o teletransporte) ... não me estou a lembrar de todos, peço desculpa, mas são, assim, os que me vem à memória sem pesquisas.

As modas vieram, os eventos foram feitos, alguns ficaram mais ricos, outros mais pobres e o mundo seguiu, pávido e sereno, no seu normal curso.

Mas eis, agora, que surge uma nova "tendência", um novo "trendy", um novo catalisador messiânico de um novo mundo anunciado e já inevitável: a inteligência artificial generativa.

Para aqueles que acham isto completamente novo e inovador, lamento mas não é: já se fala e discute sobre inteligência artificial desde meados do século XIX (isso mesmo: 1800 e tais), já nos livros do grande Júlio Verne o tema era abordado, máquinas "pensantes" surgiam em livros como o famoso 1984 de George Orwell entre muitos outros; robots apareciam em filmes; dispositivos de Inteligência Artificial eram o tema de reflexão de obras primas do cinema, como, por exemplo "O Herói do ano 2000", filme de 1973 do inigualável Woody Allen, seja o filme referencia de 1968 "2001: Odisseia no Espaço" do genial Stanley Kubrick ou, então empolgante "War Games" de 1983 em que o sistema de inteligência artificial quase que causa uma Guerra Nuclear Global, ou, então, ainda, do incontornável Steven Spilberg, em 2001 o filme que se chama, precisamente "Inteligência Artificial" e que lança um olhar acutilante e agudo sobre este fenómeno, prevendo que, um dia, este tipo de inteligência pode gerar sentimentos e, inclusive, amar.

Por isso a reflexão e o debate sobre a inteligência artificial só são novidades para aqueles que, notoriamente, andam distraídos.

Mas, agora, podem dizer, ela já não é só ficção, já não é só tema de livros e filmes: é a realidade.

E, com base nisso, uns anunciam uma nova era, outros o fim do mundo, outros uma época dourada de simbiose entre homem e máquina.

E cá vamos nós em mais milhares de congressos, simpósios, seminários e coisas que tais.

Mas, a questão que estes "modismos" sempre esquecem é uma e só uma: a criação nunca pode superar o seu criador, se mais não for porque o criador é sempre imperfeito, logo, a criação também o é.

Como afirma a Lei natural "todo o elemento natural nasce com a génese da sua destruição."

A montante e a jusante de todo o sistema analógico ou digital está sempre o Ser Humano.

É o Elemento Humano que o pensa, que o planeia, concebe, cria, desenvolve, implementa e usa a sua própria criação.

Em suma é sempre o indivíduo que liga e desliga a máquina com um simples interruptor.

Foi assim com os computadores, foi assim com a internet, foi assim com smartphones, será assim com a Inteligência Artificial.

Outro aspeto é que todo o sistema precisa de pelo menos um input para gerar um output.

É necessária uma causa para gerar o efeito.

Se ninguém introduzir dados, "questionar" o sistema, e o fizer corretamente este nunca conseguirá "responder" adequadamente.

Como se diz na gíria da Intelligence "metes lixo, sai lixo".

A Inteligência Artificial sempre será uma ferramenta, não mais do que isso, que se bem utilizada, que se bem empregue pode automatizar, acelerar e otimizar muitos processos, sem dúvida, mas sempre dependente de quem a utiliza e para que a utiliza e esse "quem" será sempre um Ser Humano assim como o propósito terá sempre origem humana.

Para aqueles que dizem que a Inteligência Artificial pode pôr em causas os nossos direitos, liberdades e garantias respondo com um velho adagio militar "o perigo não está na arma, mas sim em quem a empunha".

Como todas as invenções humanas, desde a primeira pedra lascada ao futuro computador quântico (que, quase por certo, irá dar origem a mais um "modismo"), tudo pode ser utilizado para o bem, tudo pode ser utilizado para o mal e quem decide isso é sempre um Ser Humano.

Por isso deixem de apregoar novas eras e messias digitais para encobrir decisões e ações humanas.

Os resultados positivos e negativos da Inteligência Artificial generativa serão sempre gerados por Seres Humanos e a responsabilidade das suas operações sempre humanas.

Irá causar o fim de postos de trabalho? Sem dúvida! Mas gerará outros tantos. Assim foi com a invenção do arado e do tear há milhares de anos, assim foi com o computador e com a internet há dezenas de anos, assim será com a Inteligência Artificial agora, assim será com outras evoluções futuras.

O Ser Humano parece um daqueles deuses que se assusta com as suas próprias criações e depois as tenta aniquilar nunca o conseguindo.

Talvez esses deuses sejamos mesmo nós, talvez seja esse o nosso grande medo.

Talvez por isso, em todos os textos sagrados de todas as civilizações, da Hindu à Asteca, da Judaico-cristã às antigas mitologias greco-romanas, a inteligência humana é sempre uma maldição e os deuses tentam sempre destruir a sua mais brilhante invenção: nós.

Talvez seja por isso que andamos sempre a temer e a anunciar o nosso próprio fim e desgraça para depois termos a satisfação de termos conseguido sobreviver.

A Inteligência Artificial generativa, acreditem, é só mais uma ferramenta que gerará benefícios ou malefícios conforme o uso e a utilidade que lhe for dada pelo elemento Humano.

Era esse o assunto que, de facto, devíamos estar agora a refletir e a pensar:

Que uso dar a esta maravilhosa ferramenta por nós criada?

E enquanto andamos assoberbados e entretidos em projetar fins do mundo digitais e apocalipses tecnológicos por causa da Inteligência Artificial, vamo-nos esquecendo, cada vez mais, de melhorarmos, entendermos e aperfeiçoarmos a Inteligência Natural, essa sim, verdadeiramente capaz de gerar paraísos e infernos, salvações e condenações, pobrezas e prosperidades.

Descrentes dos deuses místicos de outrora criamos agora os deuses tecnológicos, mas exatamente com o mesmo fim e propósito: atenuar os nossos medos, expiar as nossas culpas e acreditar que algo exterior a nós nos pode salvar de nós mesmos.

Temos de assumir, de uma vez por todas, como disse alguém (não consegui determinar a autoria da frase) que "para encontrar o deus que criou o Homem é preciso deixar de seguir o deus que o Homem criou", chame-se ele Javé ou Alá, Computador ou Inteligência Artificial.

Vamo-nos deixar de modas em que escondemos os nossos medos e cobardias e enfrentar, de uma vez por todas, o elemento que tudo condiciona, tudo gera e tudo cria: nós mesmos.

Vamos investir na Inteligência Natural porque a Inteligência Artificial é a consequência, não a causa.


No canal Youtube em: https://youtu.be/Eu5jfA-E8gg