ESPIONAGEM GLOBAL

18-10-2022

TODOS TEMOS DE PASSAR A SER ESPIÕES ????


"No nosso mundo todas as más ações são recompensadas."

Meir Dagan


A história está repleta de intrigas, traições, espiões...

É uma constante.

Nos textos sumérios, na Bíblia, nas crónicas do império do meio, desde há milhares de anos que se contam histórias, umas reais e outras nem por isso, de mulheres e homens que tudo fizeram e fazem para saberem os segredos dos outros.

E isso porque, desde cedo se descobriu que quem sabe mais, quem tem mais conhecimento, quem domina e possui os segredos, é quem manda, quem governa, quem lidera.

Segredos reais ou ficcionados, muito, ao longo da história se fez para que fossem desvendados, conquistados, revelados.

Tudo se queria saber, tudo se queria desvendar...

A fórmula da pólvora ou do elixir da eterna juventude, a localização do Santo Graal, a rota do caminho marítimo para a India, a verdadeira identidade do Prestes João das Índias, o número de navios da Armada Invencível, o esquema de construção dos Skippers....

Uns reais, outros ficções que se tinham como reais, de segredo em segredo e no esforço de os desvendar, desenrolou-se a história da humanidade.

E, se a história do Homem é a luta de desvendar os segredos dos mais fortes, outra história, não menos importante, não menos relevante, não menos intensa, decorre, desde sempre, em simultâneo:

A história de como se protegem esses segredos.

Quem detém os segredos, detém o poder do conhecimento e da informação, sempre tentou preservar, manter e proteger esses segredos, esse poder, esse domínio.

Pela força ou pelo ardil, pela espada ou pela pena, com engenho ou com brutalidade, o esforço de proteger os segredos desencadeou as lutas mais intensas e constantes da história.

Durante séculos, esse esforço, embora intenso, constante e empenhado não era organizado, sistemático e estruturado.

Foi, somente, nos tempos da Primeira Grande Guerra que, pelo génio estratégico de Sir Mansfield Smith-Cumming, tanto o esforço de aceder e conquistar segredos do inimigo como proteger os segredos detidos se tornou algo de organizado, estruturado, baseado na ciência e no método:

nascia a Intelligence e, com ela, a CounterIntelligence.

Se a Intelligence se dedica, entre outras coisas, a descobrir os segredos dos nossos oponentes, adversários, opositores e inimigos (e às vezes mesmo de amigos) para que se possa conquistar ascendente, supremacia e domínio, por seu turno a CounterIntelligence (CI) tudo faz para que esses mesmos oponentes não acedam aos nossos segredos, aquilo que nos diferencia, que nos dá poder ou, então, aquilo que nos enfraquece, nos vulnerabiliza, aquilo que nos pode derrotar.

Se a Intelligence empenha todo o seu esforço em conquistar, a CI foca-se em garantir que não se é conquistado.

E, assim, durante décadas os Serviços Secretos e de Intelligence definiram métodos, ferramentas, meios, táticas para proteger os ativos estratégicos de nações e impérios.

Cofres e códigos, mentiras e logros, mulheres, homens e máquinas, tudo foi utilizado para proteger os maiores e mais sensíveis segredos de Nações e das suas classes dominantes.

Foram lutas de titãs, batalhas épicas que envolveram grandes heróis e grandes tiranos, alguns deles dando a vida pelos segredos que protegiam.

Mas, com o fim da 1ª Guerra Fria, entrámos no domínio da 2ª Guerra Fria ou na Guerra Gelada.

Há mais oponentes, há mais dissimulação, há mais ardil atualmente que em todo o passado junto.

As potências oponentes fingem-se amigadas e por vezes até aliadas.

As nações já não assumem a oposição, o conflito, e jogam os seus interesses em "tabuleiros" que, até há muito pouco tempo, lhes eram estranhos.

Bolsas de valores, instituições de investigação, empresas, rotas comerciais, mercados emergentes, estes são os novos campos de batalha onde os impérios jogam o seu domínio, a sua supremacia, o seu poder.

Assim, as batalhas deixaram de se com mísseis e ogivas, com aviões e barcos de guerra.

Agora, as armas são tratados comerciais, patentes, tecnologias, inovações, invenções.

Agora, os campos de batalha são os mercados, as plataformas, as bolsas de valores, as feiras internacionais.

E, desta forma, as empresas viram-se arrastadas para uma batalha que não pediram, para a qual não estavam avisadas e muito menos preparadas.

Pequenas empresas, pequenas organizações e instituições, focadas em desempenhar, o melhor possível, a sua atividade e o seu negócio, veêm-se, agora, como alvos numa guerra de titãs, como peões numa batalha de Impérios.

E é uma batalha que não pode ser perdida!

Numa era em que os mercados, as economias e, com isso, a nova ordem mundial, se baseiam em ativos estratégicos intangíveis, é nas empresas e não nos exércitos que reside a hegemonia e a supremacia das Nações.

A economia, as sustentabilidades e a prosperidade dos povos são, atualmente, baseadas em fluxos de informação, em dados digitais, em processos cibernéticos, em impulsos eletrónicos.

Atingimos o expoente máximo da sociedade da informação em que quem domina os fluxos informativos domina tudo.

E, é por esses fluxos informativos, num ambiente de competição veloz e feroz que são transmitidas as últimas descobertas, as mais recentes inovações, as conquistas do amanhã.

Assim, a proteção da informação, das vantagens, das vulnerabilidades, dos segredos, deixou de ser, unicamente, um assunto dos Estados e das Nações.

Passou a ser um assunto de todos porque, de uma forma ou de outra, todos estamos envolvidos nesta guerra.

Desta forma a CounterIntelligence (CI) passou a ser uma atividade fundamental para todos os indivíduos e para todas as organizações sejam públicas ou privadas.

Porque, como afirma um antigo adágio "Uma corrente é tão forte como o seu elo mais fraco."

E, não pode haver elos fracos nesta corrente que nos protege dos nossos oponentes e inimigos.

Assim, é imperioso que todos saibam como proteger a informação sensível, detetar as suas vulnerabilidades, avaliar a sua relevância estratégica, desencadear medidas que desencorajem e impeçam ataques à integridade dessa mesma informação.

A CI é, atualmente, uma área estratégica na atividade de qualquer empresa, organização e instituição porque cada uma dessas organizações é estratégica para a segurança da Nação.

PORQUE QUANDO A GUERRA É DE TODOS, TODOS SOMOS CHAMADOS A LUTAR.