DONALD TRUMP: O NOVO HEROI!

16-07-2024


A "comunidade política" tem, já quase por hábito e passatempo, criticar Donald Trump, reduzindo-o a um "novo-rico", a um "pato bravo", um "alpinista social", que, tendo vingado, de forma mais ou menos duvidosa, no mundo empresarial, acumulando mais falências do que bons investimentos, decidiu "divertir-se" na política.

De facto, o grupo extremamente restrito dos políticos "profissionais" e de todos os comentadores, assessores, analistas e muitos mais que "orbitam" neste complexo e muito obscuro "universo", detestam intrusos, especialmente os que têm origem no mundo empresarial.

A "vida política", pensam, deve ser feita desde as bases até ao topo, começando "por baixo" e não havendo muitas "contaminações" de outras áreas, embora os académicos, os intelectuais e "pensadores" sejam quase bem-vindos.

Mas, por oposição, alguém do mundo empresarial, bancário, bolsista e de investimentos ou outro que tenha alguma relação com atividades liberais é quase "herege" no mundo da política.

Os políticos detestam pessoas que, de facto, trabalham!

Por isso, Trump é tão odiado nos "círculos do poder".

Trump não é "um dos nossos", não pertence ao "clube", ao "grupo", isto é, é um intruso que tem de ser afastado, rechaçado, expulso.

Ainda por cima, quando Donald Trump é quem é e comporta-se como se comporta: polémico, "sem filtros", confrontador, rebelde, "fuleiro", sem modos, sem estilo, sem "berço", este homem é, de quase todos os pontos de vista, o antagonismo do que é e se espera de um político para a "elite" que habita e domina os corredores do poder há décadas, mesmo há séculos.

Mas há um facto que é inegável: por muito que seja odiado pelas "elites", ele é amado pelo povo.

Foi eleito para um mandato presidencial e foi preciso recorrer um "dinossauro" do mundo político de Washington, Joe Biden, na política desde 1972, para o vencer e, mesmo assim, foi por pouco, muito pouco.

Agora, perante a decisão teimosa e de muito pouco bom-senso de Biden em se recandidatar, Trump só não será eleito se algo de muito inusitado acontecer.

E o que fez Trump para conseguir este verdadeiro "milagre" político?

Quase nada! (O que em política pode significar muita coisa.)

Reparem que o final da presidência de Trump foi calamitosa: uma derrota nas urnas, depois uma contestação infantil dos resultados, culminando com a hedionda invasão ao edifício do Capitólio.

Nenhum político sobreviveria a esta sucessão de eventos a que se acrescentam todas as gafes, asneiras, disparates e veleidades que Trump faz todos os dias e a todas as horas, já para não falar nos inúmeros casos judiciais que contra ele correm e mesmo sentenças transitadas em julgado entre outros escândalos.

Mas Trump sobreviveu!

E, em vez de se remeter ao silêncio, primeiro com alguma prudência e calma e, depois, progressivamente, com mais agressividade e frequência, foi atacando, ponto por ponto, a administração de Joe Biden.

Dia a dia, Donald foi indicando os erros da administração democrata, as promessas não cumpridas, os erros, as gafes, as imprecisões, as mentiras, as contradições.

E fez isso com o foco quase totalmente centrado numa mensagem: os políticos do costume fazem as coisas do costume.

E é, precisamente, essa mensagem que Trump quer passar: que a América precisa de uma nova classe de políticos para ser "grande outra vez", para sair do marasmo em que se encontra, perdendo poder, influência e riqueza em quase todas as áreas e quadrantes da sua existência enquanto país e enquanto superpotência global.

E que ele é, precisamente, o mais capaz, o mais bem posicionado, o mais apto para ser o "político menos político" que a América pode ter, o "escolhido" para derrubar o sistema que, segundo ele, está a retirar riqueza, prosperidade e prestígio aos Estados Unidos.

No fim da administração de Obama, o povo americano elegeu Trump porque ainda não estava preparado para ter uma mulher, burocrata e do "sistema" na Casa Branca. Também contribuiu o conformismo e a inércia do Partido Democrata que nunca acreditou que alguém como Trump fosse capaz de vencer alguém como Hillary Clinton.

Foi uma derrota da candidata e do partido.

Mas no final do mandato de Joe Biden será a derrota do sistema, da "engrenagem", de todo um grupo e dos seus "lacaios" que provaram, para além de qualquer dúvida, que nem o mais experiente entre eles consegue cumprir o que prometeu e dar aos Estados Unidos as mudanças e as transformações que acreditam precisar para "serem grandes outra vez".

A tudo isto, como tantas vezes já aqui disse, acresce o estado lamentável de Joe Biden, a sua debilidade física e mental, os seus sucessivos enganos, a sua clara e notória incapacidade natural de assumir um dos cargos políticos mais exigentes e desgastante do mundo.

Tal incapacidade é tão notória que o próprio Partido Democrata se vê dividido, com várias facções, embora discretamente, a contestar esta reeleição, tentando que Biden desista, abdique e ceda o seu lugar a Kamala Harris ou, sonho dos sonhos, a Michelle Obama.

Mas Biden não abdica e, para piorar isto tudo (e piorar muito), Donald Trump sofre, numa ação de campanha na Pensilvânia, a 13 de julho de 2024, um grave atentado à sua vida, por parte de um atirador, que, muito devido à rapidez de reação e reflexos de Trump, falha. E, para além de sobreviver, de mostrar reflexos e vitalidade, Trump eleva-se, de punho no ar, qual herói, mesmo como um Messias, superior à própria morte, incitando à luta, à resistência, sendo ele próprio vítima de uma "América degradada" à qual ele sobrevive e vence.

Com este atentado, Trump deixa de ser um mero candidato e passa a ter o estatuto de herói, de mito.

E, se se pode vencer um indivíduo, é quase impossível vencer um mito.

Num país em que as massas, o povo, é profundamente religioso e crente e que aplica a todos os aspetos da sua vida essa fé e religiosidade, Trump ter sobrevivido ao atentado, é quase um sinal, uma "unção" em que ele é o "escolhido", o "eleito", o "abençoado" para assumir o Poder.

Óbvio que, minutos depois do atentado, toda a "máquina" republicana capitalizou não só o atentado como esta "carga messiânica".

Assim, o atentado provoca vários efeitos, todos benéficos a Trump: prova que a América não está mais segura e mais estável, provoca a "messianização" de Trump, une o Partido Democrata (ninguém ousa não apoiar um "messias" com uma vitória quase certa) e mostra ser o oposto do seu oponente: forte, ágil, rápido, resistente, invencível, enquanto Biden se mostra, cada vez mais, débil, fraco, a mover-se com dificuldade, a ter que repousar frequentemente, velho, acabado, senil, incapaz.

Não acredito, minimamente, que este atentado tenha sido uma ação de "falsa bandeira" de Trump, algo encenado por ele para obter vantagem política.

Não foi, mas quase parece ter sido, porque foi precisamente o que o candidato democrata precisava, no momento certo, para garantir a vitória nas eleições de novembro.

O que tanto Donald Trump como o Partido Republicano têm de fazer para obter uma vitória esmagadora é manter alguma "pressão", potenciar os erros do adversário e não tentar nada de "dramático".

O Partido Democrata, dividido, desnorteado, em "desespero", mal-organizado, sem acreditar no seu candidato, quase já assumindo a derrota, bastar-se-á para, inevitavelmente, provocar a sua própria ruína.

Nenhum inimigo pode ser tão poderoso e implacável como nós para nós próprios.

Desta forma, contra as "elites" políticas de Washington e do resto do mundo, teremos Donald Trump, de novo, na Presidência dos Estados Unidos e, quase que por certo, desta vez, por dois mandatos e num dos momentos mais críticos e complexos da geopolítica global, com a Guerra da Ucrânia, o conflito na Faixa de Gaza, a instabilidade no Médio Oriente e a tensão crescente com a China.

A "política tradicional" ignorou, durante demasiado tempo, que os tempos estavam a mudar e que ela precisava mudar com eles.

Agora terá de sofrer as consequências: o fim da política tal como a entendemos, um "não político" como líder do "mundo livre", a subversão completa do sistema e da ordem instituída.

O que isto provocará?

Não imagino!

Será algo tão radical, diferente e inusitado que não se pode, mesmo, avançar qualquer tipo de prognóstico.

Só podemos dizer uma coisa:

Quem viver, verá!

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