POLITICA REAL

14-02-2023

JOGOS DE PODER E A ARTE SECRETA DE MANIPULAR MASSAS!

Na vida do comum dos mortais, é costume que quando alguém anuncia ou diz que vai fazer uma coisa o faça.

Se assim não for perde a credibilidade entre os seus pares, torna-se irresponsável, perde o crédito que necessita para ser um membro integrado e aceite no seu grupo.

Já foi mais assim! A honra já teve o valor da própria vida! Mas ainda é muito desta forma, especialmente nas relações informais, em que a confiança que temos em alguém, condiciona, muito, a relação que com essa pessoa mantemos.

Na política não!

Há uma abismal diferença entre o dizer e o fazer.

Diz-se o necessário, realiza-se o possível.

Quando alguma coisa se diz em política o principal objetivo é ganhar tempo!

Convençam-se disto porque é a mais real verdade!

E ganha-se!

E funciona!

Porque o comum dos cidadãos, o eleitor, pensa que os seus governantes atuam como ele atua, isto é: quando diz que vai fazer algo é porque o vai fazer mesmo!

Não!

Para o eleitor o que o político diz considera-se feito, para o político considera-se, quando corre bem, "arrumado" e, convenhamos, por vezes, até "resolvido".

E funciona!

...porque o próximo problema fará esquecer o problema atual, porque aparecerá outro mais urgente ou mais grave ou porque, simplesmente, o problema se resolverá sozinho seja por cansaço, perda de oportunidade, as partes chegam a acordo, perdem a credibilidade, perde a coerência, alguém desiste...

Em política a esmagadora maioria dos problemas tem essa grande benesse: resolvem-se sozinhos só tendo o político de ganhar tempo enquanto isso acontece.

E é para isso que fala e fala e fala: para ganhar tempo!!

Tempo e/ou espaço!

Espaço para não conseguir cumprir coisas que promete e afirma.

De facto, até se pode prometer milhões de apoios a empresas, mas se o regulamento do acesso aos fundos for tão inacessível e restrito, ninguém se conseguirá candidatar...

O político prometeu apoio às empresas e cumpriu, disponibilizando a verba que, lá estava, reluzente e tangível, como juramentado.

As empresas é que não o conseguiram obter... e os fundo voltam para embelezar o equilíbrio orçamental, não incrementando a despesa, como convém, intocados e inúteis...

O cidadão, em casa, ouve que estão disponíveis milhões de apoios, subsídios, fundos perdidos, taxas bonificadas, empréstimos, tudo isso, e estão, mas não perguntam se os milhões chegam a quem, para quem ou para quê estavam destinados.

Basta, para quem tem paciência para isso, analisar as taxas de execução, isto é, de aplicação real, dos respetivos e fundos e medidas... raramente, mas mesmo muito raramente, ultrapassam os 10% (ás vezes chegam aos 5%)...

E, neste tempo, e, neste espaço, acontece o que tem que acontecer: os mercados progridem, uns evoluem, outros entram em recessão, umas empresas fecham mas outras abrem, alguns milhares vão para o desemprego mas outros milhares são contratados e o mundo, quase sem interferência ou gestão, como desde a eternidade, vai-se autogerindo e autorregulando, calmo, sereno e impiedoso...

Os políticos vão falando, ganhando tempo e espaço, para que, não fazendo nada, as coisas se resolvam naturalmente pois, e de facto, com um mundo em evolução tão rápida e imprevisível, fizessem o que fizessem, de pouco ou nada serviria, muito menos com a competência que os atuais demonstram possuir...

É muita famosa, no Deep State Britânico, os famosos Mandarins (e agora até já fora do Deep State) as chamadas "4 regras de resolução de crises do FOC" (Foreign, Commonwealth and Development Office - O titânico Ministério dos Negócios Estrangeiros e Relações Externas do Governo de Sua Majestade, o Rei Carlos III).

Diz o Dogma Politico que, perante qualquer problema, mas qualquer problema MESMO, atua-se SEMPRE do mesmo modo, seguindo as seguintes fases:

Fase 1 - afirmar que nada irá acontecer;

Fase 2 - afirmar que talvez alguma coisa vá acontecer, mas que é melhor não interferir;

Fase 3 - afirmar que talvez devêssemos fazer alguma coisa, mas não há nada que possa ser feito;

Fase 4 - afirmar que devíamos ter feito alguma coisa, mas agora é tarde demais.

E assim se resolvem 99,9% dos problemas na Realpolitik!

O povo fica com a sensação (boa) que tudo foi devidamente tratado, que o governo fez coisas boas (porque naturalmente as coisas correram bem), outras não consegui, infelizmente e NUNCA, por culpa sua,  resolver (porque naturalmente correram mal) e que, em algumas poucas situações o governo actuou mal (mas, cá para nós,  só porque não disse o que devia, ou como devia ou quando devia).

Para aqueles que ainda pensam que a política é a "arte" da governação da "coisa pública", desenganem-se: é a arte da comunicação pública!

E isto tudo porque nós temos de manter a esperança e a fé utópica que é possível resolver os problemas, que é possível acudir aos mais necessitados, que é possível a igualdade, a justiça, a democracia, a paz....

Precisamos mesmo de acreditar nisso e é isso que os políticos nos conseguem: a utopia num mundo sonhado, desejado, mas não existente, nem vagamente possível...

Porque se o comum cidadão, o vulgar eleitor, soubesse da complexidade e das interdependências da Realpolitik e do pouco que, de facto, pode ser feito, acho que poucos se dariam ao trabalho de, com ânimo, se levantar de manhã...

A política é, assim, e de facto, a arte de manter a sociedade a funcionar naturalmente transmitindo uma sensação de normalidade e de algum controlo.

E funciona, funciona mesmo!

Por vezes só falha porque os políticos não sabem comunicar, não sabem gerir as situações e, alguns (pasme-se), não tem a mínima noção de que isto, de facto, funciona assim.

E nada pior do que um político que não sabe como funciona a política.

E é desses que cada vez temos mais!



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