2025: O ANO DAS REDEFINIÇÕES, CLARIFICAÇÕES E RESOLUÇÕES
Como é habitual nesta altura do ano, a Realpolitik apresenta a sua previsão para o ano que se avizinha, destacando os principais acontecimentos e tendências que moldarão o mundo em 2025.
Este exercício, que conjuga análise e antecipação, revela-se este ano mais desafiante e crucial do que nunca, devido à certeza de mudanças profundas num cenário global marcado pela apatia e paralisia generalizada que caracterizaram 2024.
O ano que passou não apenas adiou soluções para problemas históricos, mas também agravou incertezas e alimentou polarizações e extremismos.
As crises perpetuaram-se e intensificaram-se, criando um mal-estar global que se reflete em declínios económicos, sociais e políticos.
Este panorama deixa o mundo num ponto de viragem, com 2025 a prometer ser um ano de definições, decisões e transformações significativas, para o bem e para o mal.
O fator que, sem dúvida, exercerá o maior impacto no próximo ano é o regresso de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos da América. A sua posse, marcada para janeiro de 2025, abrirá um novo capítulo na política global, definido pela sua abordagem imprevisível e frequentemente disruptiva.
Trump é conhecido por decisões abruptas, muitas vezes contraditórias, que tornam qualquer tentativa de previsão sobre os seus passos uma tarefa especulativa e arriscada.
Contudo, pode-se antecipar com razoável certeza que a sua liderança trará um renovado isolamento dos EUA, com um enfoque acentuado nas políticas económicas e de imigração, enquanto a política externa será relegada para segundo plano.
Este isolamento, aliado à desvalorização das alianças tradicionais e da diplomacia multilateral, enfraquecerá o papel regulador que os EUA tradicionalmente desempenham na cena internacional. Esse vazio deixará o palco aberto para outros atores globais que ambicionam reconfigurar a ordem mundial.
Entre esses atores destaca-se a China, que em 2024 consolidou um impressionante avanço geoestratégico, especialmente em África e na Ásia.
Sob a liderança firme de Xi Jinping, a China tem adotado uma estratégia de longo prazo que combina poder económico, influência política e inovação tecnológica.
Em 2025, o confronto entre os EUA de Trump e a China poderá tornar-se mais visível, não tanto num conflito direto, mas numa competição subtil e persistente por mercados, recursos e alianças estratégicas.
A crescente influência chinesa sobre regiões emergentes, aliada ao enfraquecimento dos EUA, coloca Pequim numa posição vantajosa para moldar a nova ordem global. Esta dinâmica, no entanto, trará consigo riscos consideráveis, com potenciais desestabilizações em economias vulneráveis e um aumento das tensões comerciais e militares.
Na Europa, as expectativas são de continuidade e, para muitos, de frustração.
A nova Comissão Europeia, apesar de mudanças cosméticas, apresenta-se incapaz de oferecer respostas ousadas aos desafios económicos e sociais que o continente enfrenta.
A estagnação das grandes economias europeias, como a Alemanha, e as dificuldades crescentes em países do sul da Europa sugerem uma crise económica iminente. Essa crise será agravada pela redução da cooperação transatlântica e pela incapacidade de competir eficazmente com a China em termos de inovação e comércio.
A falta de visão estratégica e a fragmentação interna da União Europeia alimentam o sentimento de descontentamento entre os cidadãos, que verão o seu bem-estar deteriorar-se enquanto os líderes europeus permanecem presos a soluções ultrapassadas.
No Médio Oriente, o panorama permanece complexo e incerto. O conflito israelo-palestiniano poderá evoluir para um cessar-fogo frágil, mas duradouro, que consolidará a hegemonia israelita na região. Contudo, essa hegemonia será acompanhada por divisões internas profundas dentro da sociedade israelita, que se encontra mais polarizada do que nunca. Este descontentamento interno poderá ser um prenúncio de conflitos futuros, especialmente numa região que já carrega o peso de décadas de guerra e instabilidade. A incapacidade de construir uma paz duradoura sublinha os limites do poder militar como ferramenta para resolver os desafios de identidade nacional e coesão social.
A guerra na Ucrânia parece encaminhar-se para um congelamento, com um cessar-fogo que manterá os territórios ocupados sob controlo russo, embora oficialmente contestados pela Ucrânia. Este desfecho, longe de ser uma solução definitiva, representa um compromisso instável que deixará cicatrizes políticas e sociais profundas na região. Tanto Volodymyr Zelensky quanto Vladimir Putin enfrentarão pressões internas crescentes, com o desgaste político a tornar-se evidente nos dois lados.
A exaustão da guerra, combinada com as tensões económicas decorrentes, levará a uma reavaliação das prioridades, mas dificilmente resultará numa resolução satisfatória para qualquer uma das partes.
Enquanto isso, organizações internacionais como a OTAN e as Nações Unidas continuam a perder relevância. A falta de apoio decisivo dos EUA e a incapacidade de oferecer respostas eficazes aos desafios globais enfraqueceram estas instituições, que outrora desempenhavam papéis centrais na estabilidade e cooperação internacionais. Este declínio institucional é sintomático de um mundo que se torna cada vez mais fragmentado e governado por interesses nacionais, colocando em risco os princípios de solidariedade e governação global.
Apesar deste cenário de crises e incertezas, 2025 pode ser também um ano de oportunidades.
Momentos de grande adversidade, como os que o mundo enfrenta, muitas vezes servem de catalisadores para mudanças estruturais.
A dor e os sacrifícios enfrentados por milhões de pessoas podem inspirar movimentos sociais e políticos que desafiem o status quo e tragam soluções inovadoras para problemas antigos.
A adaptação, a inovação e a liderança visionária serão essenciais para moldar um futuro mais equilibrado e sustentável.
À medida que os blocos tradicionais lutam para se adaptar, novos protagonistas poderão emergir no palco global, liderando iniciativas para enfrentar os desafios económicos, climáticos e sociais de forma mais eficaz.
Em suma, 2025 será um ano decisivo, marcado por dificuldades e transformações.
O mundo estará perante um momento de redefinição, em que as escolhas feitas agora poderão moldar não apenas o futuro imediato, mas também o curso das próximas décadas.
A história ensina que as crises frequentemente precedem os renascimentos, e as turbulências de 2025 poderão, com o tempo, ser vistas como o início de uma nova era.
Seja pela força ou pela necessidade, o mundo terá de demonstrar resiliência e criatividade para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que este ano trará.
E assim nos despedimos de 2024.
A Realpolitik entrará de férias até ao ao dia 3 de Janeiro.
A todos desejo um Feliz natal e um bom ano de 2025!
A todas e a todos os que me dão a imensa honra de me lerem, um fortíssimo abraço!
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